Cada ser humano tem o direito de conquistar e ocupar seu próprio espaço no Mundo. Seja na vida profissional, familiar ou mesmo ministerial.
Porém, antes de ocupá-lo, temos que descobrir qual o espaço que nos está destinado.
Depois de liderar o povo de Israel na vitória contra os midianitas, Gideão recebeu a seguinte proposta:
“Domina sobre nós, assim tu, como teu filho e o filho de teu filho, porque nos livraste das mãos dos midianitas” (Juízes 8:22).
Em toda a história daquele povo, aquela foi a primeira vez que alguém se tornou unanimidade, sendo-lhe proposto criar sua própria dinastia real. Em bom português, Gideão estava com a faca e o queijo na mão. Sua popularidade havia alcançado 100%.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
Por um lugar ao Sol
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Espiritualidade atraente ou repelente?
Que expectativas o Mundo tem acerca da igreja cristã? Será que temos correspondido a elas? Ou temos estado aquém ou mesmo além delas?
Sabe qual o comentário que se fazia quando os discípulos chegavam a uma cidade? “Estes que têm alvoroçado o mundo, chegaram também aqui” (At.17:6).
Temos vivido uma espiritualidade atraente ou repelente?
sábado, 17 de janeiro de 2009
Vivendo à frente do nosso tempo II
Temos dito que o destino da igreja é tornar-se protagonista da História. Não podemos continuar na retaguarda, mas ocupar o lugar de vanguarda. E para isso, urge resgatarmos a credibilidade da mensagem cristã, alvo de tantas chacotas.
O movimento da igreja emergente buscou aproximar o cristianismo das questões que inquietam a sociedade pós-moderna. Anos de atraso tiveram que ser superados, para que se abrissem canais de diálogo entre a igreja e a sociedade. Passamos por um processo de contextualização.
Éramos como um vagão descarrilado. Voltamos ao comboio. Porém, nossa vocação não é de sermos apenas mais um vagão do trem, e sim a locomotiva da História. Pode até parecer presunção, mas apenas revela a vontade de Deus revelada nas Escrituras. Lá encontramos que as nações deveriam andar à nossa luz.
Para isso, temos que deixar nossa postura reativa ( pra não dizer reacionária ), e adotar uma postura proativa.
O papel profético da igreja não se limita a denunciar os erros de nossa sociedade, mas também de apontar um caminho, anunciar um novo tempo.
Após haver derrotado os profetas de Baal, o profeta Elias dirigiu-se ao rei Acabe, e anunciou: “Sobe, come e bebe, pois há ruído de abundante chuva” (1 Reis 18:41).
Israel vivia uma das piores secas da sua história. Desde que Elias havia profetizado, fazia três anos que não chovia.
Com a mesma autoridade com que fechou as comportas do céu, Elias profetizou a sua reabertura.
Acabe era a maior autoridade civil em Israel. Porém, a autoridade de Deus estava sobre os ombros do excêntrico profeta.
Ao afirmar que ouvia ruído de abundante chuva, Elias não estava sendo sensacionalista (como alguns pregadores da atualidade). Deus lhe permitira vislumbrar o que estava pouco à frente. O futuro se descortinava ante seus olhos.
Porém, não bastava fazer prognósticos. O futuro precisa ser engendrado, gerado através da oração.
Enquanto Acabe saiu a comer e a beber, “Elias subiu ao cume do Carmelo e, inclinando-se por terra, meteu o rosto entre os joelhos” (v.42). O profeta entrara em “trabalho de parto”. A palavra proferida era o sêmen, que fecundou a alma de Elias.
Da mesma forma, a igreja de Cristo deve engravidar-se do futuro. Paulo diz que o Espírito produz em nós gemidos característicos de uma gestante prestes a dar a luz.
A oração, sem dúvida, é parte de nosso trabalho na construção do Reino de Deus. Eu disse “parte”, não o trabalho completo.
Temos que orar, denunciar o erro, anunciar o caminho a seguir e trabalhar pela execução dos propósitos divinos.
O texto prossegue:
“Disse ao seu moço: Sobre, e olha para a banda do mar. E ele subiu, olhou e disse: Não há nada. Então disse Elias: Volta lá sete vezes. À sétima vez, disse: Levanta-se do mar uma nuvem, do tamanho da mão de um homem. Então disse Elias: Sobe, e dize a Acabe: Aparelha o teu carro, e desce, para que a chuva não te apanhe” (vv.43-44).
Embora estivesse compenetrado, Elias não perdeu a visão da realidade. Ele orava, e buscava por sinais que indicassem que ele havia sido respondido. Era como a mulher grávida em trabalho de parto, que com o rompimento da bolsa, espera pelo coroamento da criança.
O problema da igreja é que ela ora, mas não acredita que será atendida. Ela prefere buscar sinais que indiquem o contrário daquilo pelo que ela ora. Em vez de buscar sinais que evidenciem a chegada do Reino, ela busca por sinais que indiquem que é o diabo que está no comando do mundo.
O assistente do profeta teve que conferir sete vezes, até que encontrou uma minúscula nuvem. Aquele era o sinal que Elias esperava. Era o coroamento da criança. Chegara a hora do parto.
“Levanta-se do mar uma nuvem...”. Na simbologia bíblica, “mar” representa os povos, as nações. Repare: a oração subia ao céu, mas a nuvem se levantou do mar.
O moço de Elias tinha que olhar na direção do horizonte, e não para o céu. Assim deve proceder uma igreja voltada para o futuro. “Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se semeia, assim fará o Senhor Deus fará brotar a retidão e o louvor perante todas as nações” (Is. 61:11). E mais: “As nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu. Levanta em redor os teus olhos, e vê (...) a abundância do mar se tornará a ti, e as riquezas das nações a ti verão” (Is. 60:3-4a,5b).
A igreja cristã deixou de “olhar ao redor”. Perdemos o contacto com a realidade. E por isso, não percebemos que as coisas já começam a mudar. Ainda que esta mudança pareça tímida, ínfima como uma nuvem do tamanho da mão de um homem.
Nós gostaríamos que fosse uma nuvem do tamanho da mão de Deus. Preferiríamos o espetáculo de uma mudança drástica e imediata. Mas Deus escolheu o processo, a mudança gradual.
Outra coisa que não pode passar despercebida: Elias se preocupou com o bem-estar de Acabe. Por isso, pediu que seu moço saísse ao seu encontro, avisando que deveria apressar-se em aparelhar seu carro, pra que não ficasse atolado na lama provocada pela chuva.
Não podemos ser daqueles que acham que quanto pior, melhor. Nossa responsabilidade profética abarca toda a realidade, e não apenas o que consideramos ser espiritual.
“Em pouco tempo os céus se enegreceram de nuvens e vento, e caiu uma grande chuva. Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel. O poder do Senhor veio sobre Elias e, cingindo ele os lombos, correu adiante de Acabe, até a entrada de Jezreel” (vv.45-46).
Uau! Elias, revestido do poder de Deus, conseguiu correr mais rápido que o carro aparelhado de Acabe!
Quando Acabe chegou em Jezreel, Elias já estava lá. Parecia mágica! Mas era o poder de Deus.
Todos queremos ser cheios deste poder. Porém, uma das razões pelas quais Deus nos disponibiliza Seu poder é possibilitar que avancemos e ultrapassemos a marcha do mundo.
Quando a ciência chegar, já estaremos lá. Quando os políticos encontrarem uma saída para a crise financeira mundial, perceberão que a igreja já há muito havia proposto a mesma saída.
Em vez de nos conformar aos moldes do mundo, estaremos conformando o mundo aos moldes do Reino.
A velocidade com que o mundo avança é extraordinária. Mas nós avançamos pelo poder de Deus. O mundo tem seus carros aparelhados, e assim como Elias, devemos incentivar seu avanço. Porém, nosso dever é chegar primeiro.
Somos o povo do futuro! Aqueles que vivem à frente do seu tempo.
Devemos responder não apenas aos anseios da pós-modernidade, mas também prever quais as questões com que teremos que lidar na próxima era. Somos o povo que traz respostas para os séculos vindouros (Ef.2:7).
segunda-feira, 12 de janeiro de 2009
Vivendo à frente do nosso tempo
Anos atrás, estive pregando em uma igreja em Jacksonville, Florida. O Rev. Paul Zink nos levou para conhecer a propriedade onde seria construída a catedral da New Life Christian Center. Quando chegamos ao terreno, confesso que fiquei desapontado. A propriedade ficava fora da área urbana, no meio de um denso bosque. Quando percebeu nosso desapontamento, o Rev. Zink tratou de nos explicar que a escolha do terreno foi criteriosa, resultado de uma pesquisa junto ao gabinete do Condado, para saber para onde a cidade estava crescendo. Embora aquela área ainda estivesse intacta do ponto de vista urbanístico, tudo indicava que em poucos anos haveria ali muitos condomínios, shoppings, edifícios de escritório, restaurantes e etc. Em outras palavras, a igreja se antecipou à tendência, chegando antes dos demais.
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Arte, liberdade de expressão e a Igreja do Futuro
Um dos meios mais significantes de expressão é a arte. E quando me refiro à arte, pretendo abarcar todo o leque de manifestações artísticas, desde as artes cênicas, passando pelas artes plásticas, pela música, literatura, etc.
Ao dotar o ser humano de sensibilidade artística, o Criador estava imprimindo nele um dos Seus traços mais marcantes. Deus é o Supremo Artista. Toda a Sua criação é uma grande obra de arte.
Em Efésios 2:10, o apóstolo Paulo diz que “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. A palavra grega traduzida como “feitura” é poiema, que também poderia ser traduzida por “poema”. Que interessante: somos o poema de Deus. Somos uma expressão artística de Deus.
João Calvino, o grande reformador protestante do século XVI, defendia que a arte é um dom de Deus, e que deveria ser usada para glorificá-Lo. E mesmo quando a arte se rebaixa para tornar-se o instrumento de mero entretenimento para o povo, Calvino afirma que este tipo de prazer não lhe deveria ser negado. Quanto mais o homem se aprofunda nas “artes liberais” e investiga a natureza, mais se aproxima “dos segredos da divina sabedoria”.
Sobre isso, escreveu Bavinck (1854-1921):
“A arte também é um dom de Deus. Como o Senhor não é apenas verdade e santidade, mas também glória, e expande a beleza de Seu nome sobre todas as Suas obras, então é Ele, também, que, pelo Seu Espírito, equipa os artistas com sabedoria e entendimento e conhecimento em todo tipo de trabalhos manuais (Ex 31.3; 35.31). A arte é, portanto, em primeiro lugar, uma evidência da habilidade humana para criar. Essa habilidade é de caráter espiritual, e dá expressão aos seus profundos anseios, aos seus altos ideais, ao seu insaciável anseio pela harmonia. Além disso, a arte em todas as suas obras e formas projeta um mundo ideal diante de nós, no qual as discórdias de nossa existência na terra são substituídas por uma gratificante harmonia. Desta forma a beleza revela o que neste mundo caído tem sido obscurecido à sabedoria, mas está descoberto aos olhos do artista. E por pintar diante de nós um quadro de uma outra e mais elevada realidade, a arte é um conforto para nossa vida, e levanta nossa alma da consternação, e enche nosso coração de esperança e alegria.”
E quando falo de arte, não endosso a pretensa distinção entre arte cristã e arte pagã. Concordo com Hermisten Maia Pereira da Costa, que em seu belo texto intitulado “O Espírito Santo na Vida Intelectual e Artística” afirma: “A dicotomia entre “arte cristã” e a “arte pagã” tem contribuído para que os cristãos muitas vezes se distanciem das expressões artísticas, rotulando-as precipitadamente de pagã, sem o devido critério. Por outro lado, e isto é o mais grave, com o nome de arte cristã tem-se pretendido criar um suposto isolacionismo cultural que, na realidade tem sido, em geral, de baixíssima qualidade e, o pior: supostamente para a glória de Deus. Muitas vezes em nome de uma “arte cristã” estamos patrocinando uma “reserva de mercado”, onde a sensatez e o senso crítico não têm vez, visto que neste caso, o que conta é o sentimento, como que este, por si só estivesse acima de qualquer juízo de valor.”
Michael S. Horton nos adverte com precisão: “Se vamos escrever literatura ‘cristã’ e criar obras de arte e música distintamente ‘cristãs’, deverá ser feito de modo tão plenamente persuasivo intelectualmente e artisticamente que os que não são cristãos ficarão impressionados por sua integridade – mesmo que eles discordem”.
É o próprio Deus quem capacita pessoas a se expressarem através das artes. Lemos em Êxodo, que Deus escolheu dois homens, Bezalel e Aoliabe, enchendo-os de “habilidade, inteligência e conhecimento, em todo artifício, para inventar obras artísticas, para trabalhar em ouro, em prata e em bronze, em lavramento de pedras de engaste, em entalhadura de maneira, para trabalhar em toda obra fina (...) Encheu-os de habilidade, para fazerem toda obra de mestre, até a mais engenhosa, e a do bordador, em estofo azul, em púrpura, em carmesim e em linho fino, e a do tecelão; toda sorte de obra, e a elaborar desenhos”. Uau! Quanta inspiração Deus deve ter dado àqueles homens!
Porém, de nada adiantaria dar-lhes inspiração, se não lhes fosse dada a liberdade necessária para expressá-la.
Durante a Ditadura Militar, muitos artistas brasileiros foram exilados, porque suas obras eram consideradas subversivas. Um desses artistas foi Caetano Veloso, que amargou um período de exílio na Inglaterra. Alguns dos grandes compositores brasileiros tiveram que expressar sua indignação através de músicas com sentido subliminar. Chico Buarque, por exemplo, tinha suas músicas sistematicamente observadas. Uma de suas músicas com duplo sentido foi “Apesar de Você”:
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão, não.
A minha gente hoje anda
Falando de lado e olhando pro chão.
Viu?
Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar
Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão.
Apesar de você
amanhã há de ser outro dia.
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?
Água nova brotando
E a gente se amando sem parar.
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros. Juro!
Todo esse amor reprimido,
Esse grito contido,
Esse samba no escuro.
Você que inventou a tristeza
Ora tenha a fineza
de “desinventar”.
Você vai pagar, e é dobrado,
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar.
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria.
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença.
E eu vou morrer de rir
E esse dia há de vir
antes do que você pensa.
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia.
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente,
Impunemente?
Como vai abafar
Nosso coro a cantar,
Na sua frente.
Apesar de você
Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal,
La, laiá, la laiá, la laiá…….
Naquele período tenebroso da nossa história, todas as publicações, livros, programas de TV e rádio, eram obrigados a passar pelo crivo de um grupo de censores. Os critérios eram subjetivos e iam desde os aspectos ideológicos e políticos, até os relacionados a costume. Os censores indicavam os trechos, e muitos casos, a obra toda que não poderia ser divulgada. Assim, algumas obras ficavam desfiguradas e sem sentido.
Muitos filmes produzidos naquela época nunca chegaram à telas. Políticos e pensadores foram encerrados atrás das grades. Artistas foram expulsos do País. Sem contar aqueles que simplesmente desapareceram, sem deixar vestígios.
Grande parte da nata intelectual e artística do Brasil ficou impedida de se expressar. Todos perdemos com isso.
A igreja cristã, juntamente com seus líderes, deve estimular a arte e a sua livre expressão.
Nenhum líder religioso tem o direito de promover qualquer tipo de censura. Em vez disso, deve oferecer aos fiéis instrumentos, para que saibam apreciar e ao mesmo tempo discernir a mensagem que o artista está tentando passar. E aqui vale a admoestação de Paulo, o apóstolo: Apreciar tudo, e reter o que for bom. Leia Mais…
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
Desfazendo as malas...
"Jerusalém gravemente pecou (...) ela não pensou no seu futuro." Lamentações 1:8-9.
Ninguém quis dar ouvidos à advertência dos profetas.
- Jerusalém cairá! diziam eles em uníssono. Desde que o povo hebreu entrou na Terra Prometida, os anos sabáticos foram negligenciados. De acordo com a ordem divina, podia-se cultivar a terra por seis anos, mas no sétimo, a terra deveria descansar (Lv.25:3-5).
490 anos se passaram, e a terra continuava sendo cultivada ininterruptamente. Interessante que hoje, milhares de anos depois, a ciência comprova que se a terra não descansar a cada seis colheitas, ela perde a produtividade. Chegara a hora da cobrança. A terra já não suportava mais. E se ela deixasse de produzir, a fome destruiria aquela nação.
Jeremias, em suas Lamentações, afirma que o pecado de Jerusalém foi não pensar no seu futuro. Aquela era uma geração inconseqüente e irresponsável. Nossa sociedade tem incorrido no mesmo erro. Somos uma civilização imediatista. Só pensamos nas necessidades imediatas. Enquanto isso, o futuro está sendo sacrificado no altar das conveniências. Nossos rios estão poluídos. Nosso abastecimento de água potável está ameaçado. Milhares de espécies de animais correm o risco de serem extintas ainda este século. Nosso ar está irremediavelmente comprometido pelos gases tóxicos emitidos pelas chaminés das fábricas. Não temos pensado em nosso futuro.
Se o que se tem pregado em muitos púlpitos for verdade, não temos com que nos preocupar. Afinal, somos a última geração! Infelizmente, é nisso que a maioria dos cristão crê em nossos dias. Se continuar nesse ritmo, nossa civilização cairá. O papel do profeta não é prever, mas prevenir. Não podemos continuar nessa marcha rumo à aniquilação. Algo precisa ser feito. E o primeiro passo é a conscientização acerca do problema e da responsabilidade que temos como sociedade. Um dia, a terra vai cobrar! E já está cobrando. A conta é caríssima. Quem vai pagar? As próximas gerações. Em outras palavras, estamos deixando a conta para nossos filhos e netos.
Nossa dívida com a terra já está rolando há muito tempo. São juros sobre juros. O povo de Jerusalém já devia 70 anos sabáticos à sua terra. Em 490 anos, eles jamais atentaram para esse mandamento. Chegara a hora de cumprir a sua parte no trato feito com Deus. Nabudonozor foi o monarca babilônio usado por Deus para remover os judeus de sua terra. Foram exatos 70 anos de exílio, para que a terra recebesse o descanso devido. Setenta anos sem arado, sem semeadura, sem colheita.
Foi Zacarias quem profetizou já no fim do exílio babilônico: “...Toda a terra está tranqüila e descansada. Então disse o anjo do Senhor: Ó Senhor dos Exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste irado estes setenta anos?” (Zc.1:11b-12). O juízo de Deus não se restringe ao aspecto punitivo, mas sempre traz em seu bojo a manifestação da misericórdia de Deus à Sua criação.
Quando os judeus chegaram à Babilônia, muitos profetas se levantaram para consolar seus patrícios, afirmando que seu cativeiro duraria pouquíssimo tempo. Porém Deus levantou Jeremias pra garantir àquela gente, que seu cativeiro duraria pelo menos por duas gerações. Não adiantaria murmurar, reclamar, ou promover algum tipo de levante contra aquela situação. Sua terra precisaria de um descanso de 70 anos.
Distoando completamente de seus colegas, Jeremias diz:
“Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos os que foram transportados, que eu fiz transportar de Jerusalém para Babilônia: Edificai casas, e habitai nelas; plantai pomares, e comei o seu fruto. Tomai mulheres, e gerai filhos e filhas; tomai mulheres para os vossos filhos, e dai as vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas. Multiplicai-vos, e não vos diminuais”. Jeremias 29:4-6
Em outras palavras, era hora de desfazer as malas, e programar-se para o futuro. Nada de alienação, nem falsas esperanças. Ali era seu novo lar. Em vez de lamentar-se a vida inteira, eles deveriam edificar, plantar, comer, construir relacionamentos, criar filhos e etc.
Jeremias prossegue: “Procurai a paz e a prosperidade da cidade, para onde vos fiz transportar. Orai por ela ao Senhor, porque se ela prosperar vós também prosperais”. Jeremias 29:7
Quem disse que nossa prosperidade independe da realidade social na qual estamos inseridos? É claro que Deus é poderoso o suficiente pra nos fazer prosperar a despeito da crise econômica em que nosso país esteja mergulhado. Entretanto, em Sua sabedoria, Deus nos permite passar pelas mesmas situações e adversidades que os demais. Salomão reconhece isso ao declarar: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro” (Ecl.9:2). Ninguém está imune às adversidades desta vida. Portanto, em vez de buscar nosso bem-estar particular, devemos buscar incessantemente o bem-estar de todos à nossa volta. Se nosso país prospera, nós também prosperamos. Se ele sofre, nós também sofremos.
Não consigo entender a indiferença de muitos cristãos para com as questões sociais e ambientais. Parecem pessoas de outro mundo. Todos somos igualmente vítimas dos maus tratos sofridos pelo meio-ambiente. Todos somos vítimas das injustiças sociais.
A alienação constatada no meio cristão é fruto de uma mensagem desequilibrada, que leva as pessoas a acreditarem que esse mundo não tem jeito, e que a única coisa a fazer é esperar pelo dia em que seremos arrebatados ao céu.
Pregadores e teólogos regem o coro que diz: quanto pior, melhor. Para eles, isso aceleraria a volta de Jesus. Para eles, simplesmente não há futuro. Pelo menos, não nesta terra. Por isso, os crentes parecem estar sempre de “malas prontas” pra partir daqui. Eles são constantemente alertados: Vivam hoje, como se fosse o último dia. Até que ponto, esse tipo de postura não faz de nós um povo alienado?
Ora, se somos a última geração, por que deveríamos nos preocupar com questões como a camada de ozônio, a emissão de gases tóxicos, a má distribuição de renda, e outras questões pertinentes.
Geralmente, os crentes estão mais preocupados com questões de cunho moral, tais como o aborto, o homossexualismo, a liberação das drogas e etc. Não que estas questões não tenham seu grau de importância. Mas o fato é que estamos coando mosquitos, e engolindo camelos o tempo inteiro. Quando Cristo vier, Ele certamente deseja encontrar uma igreja militante, de mangas arregaçadas, trabalhando pela transformação do mundo. Infelizmente, o que vemos hoje, é uma igreja apática, alienada, gnóstica, e descomprometida com a agenda do Reino de Deus.
Se não precisássemos nos preocupar com aquilo que ocorre em nosso mundo, como se isso não nos afetasse, Paulo jamais nos teria admoestado:
“Exorto, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranqüila e sossegada, em toda piedade e honestidade.” 1 Timóteo 2:1-2.
Leis que são votadas na surdina no Congresso Nacional, afetam em cheio o nosso cotidiano. Não podemos mais fingir que está tudo bem, nem dar ouvidos aos profetas da comodidade. O mundo não está acabando! Há futuro para a humanidade.
Veja o que a boca do Senhor diz:
“Pois eu sei os planos que tenho para vós, diz o Senhor, planos de paz, e não de mal, para vos dar uma esperança e um futuro.” Jeremias 29:11.
Ora, se há futuro para nós, temos que agir hoje, como se fosse o primeiro dia do resto de nossas vidas.
Temos que pensar naqueles que nos sucederão. Quando ouço alguns pastores afirmando que o mundo está caminhando para um fim iminente e trágico, tenho vontade de perguntar qual a razão de a maioria deles parecer tão preocupada em construir templos suntuosos. Se não há futuro, não há razão pra construir nada. Cruzemos os braços, e aguardemos o pior. Mas se há futuro, arregacemos as mangas, e mãos à obra! E lembremo-nos de que, não é a Terra que será destruída, e sim, aqueles que a destroem (Ap.11:18).
Quem paga a conta?
Os efeitos colaterais da mensagem libertadora do Reino
Ultimamente, a Igreja cristã tem procurado resgatar sua relevância na sociedade, manifestando-se contra algumas tendências e comportamentos. Manifestos contrários à Lei de Homofobia, ao aborto, à pesquisa com célula-tronco extraída de embriões humanos, à corrupção, à violência e outros. Não questionamos a motivação que tem levado a Igreja a posicionar-se perante a sociedade com relação a esses assuntos. Contudo, cremos que devemos avaliar a eficácia de tais manifestos.
Antes de buscarmos respostas nas Escrituras Sagradas, devo expor minha insatisfação ao perceber que a Igreja cristã contemporânea parece tão preocupada com questões de cunho moral, ao passo que deixa de dar a devida importância a questões relacionadas à justiça social, tais como, a má distribuição de renda, a reforma agrária, a política econômica, os juros altos, etc.
Cremos piamente que a Igreja faz bem em envolver-se com qualquer questão que diga respeito ao ser humano. Não podemos ser um povo alienado, indiferente aos problemas deste mundo. Temos o dever cristão de participar, arregaçar as mangas e trabalhar por um mundo mais justo, e, conseqüentemente, mais seguro e próspero.
Como devemos posicionar-nos quanto a temas importantes como esses?
Quando a Igreja Primitiva dava seus primeiros passos, uma das instituições mais antigas e perversas da sociedade estava em pleno vigor. Trata-se da escravidão.
Como os crentes deveriam reagir diante da injustiça da escravidão?
Não vemos os apóstolos promovendo manifestos públicos para denunciar a escravidão, nem mesmo comparecendo perante as autoridades para reivindicar o seu fim.
Todas as sociedades da época eram constituídas de classes, das quais os escravos eram a base. Se a escravidão fosse abolida repentinamente, o mundo ruiria.
Mesmo sabendo que tal instituição era contrária à justiça do Reino, os cristãos preferiram conviver com ela por algum tempo, até que ela se definhasse por completo, através da proclamação do Evangelho. À medida que a mensagem libertária de Cristo era pregada, e a sociedade obtinha a consciência de que todos os homens eram iguais, a escravidão ia perdendo sua força.
A carta de Paulo a Filemom nos revela a maneira como o maior evangelista da época tratou deste assunto.
Filemom era um novo convertido, que devido à sua privilegiada situação econômica, possuía escravos.
Paulo não começa sua epístola criticando-o por isso. Pelo contrário, ele dá testemunho de que o que ouvira falar de Filemom, revelava um homem íntegro, cheio de “amor e fé” para com Cristo e todos os santos (v.5).
De maneira discreta, o apóstolo revela sua preocupação através de uma oração:
“Oro para que a comunicação da tua fé seja eficaz no conhecimento de todo o bem que em nós há para com Cristo” (v.6).
Como podemos comunicar a nossa fé de maneira eficaz? Como podemos tornar conhecido todo o bem de que Cristo nos tem feito participantes?
Eis a questão principal dessa epístola! E eis a questão sobre a qual quero me debruçar neste estudo.
Não basta comunicar nossa fé através de um conjunto de doutrinas. É necessário comunicar a nós mesmos. E para que isso seja possível, devemos amar àqueles com quem desejamos compartilhar os valores do Reino de Deus. O mesmo apóstolo escreve aos Tessalonicenses:
“Antes fomos brandos entre vós, como a mãe que acaricia seus próprios filhos. Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas também as nossas próprias almas, porque nos éreis muito queridos” (1 Ts.2:7-8).
Ninguém vai conquistar corações descrentes tentando impor suas crenças e valores. Temos que conquistar seus corações, antes de tentarmos conquistar suas mentes. Temos que expor nosso amor, antes de propor nossos valores.
Ora, embora Paulo estivesse tratando com um fiel, e não com um descrente, ele preferiu dirigir-se primeiro ao coração de Filemom.
“Pelo que, ainda que tenha em Cristo grande confiança para te mandar o que te convém, prefiro, todavia, solicitar em nome do amor, sendo o que sou, Paulo, o velho e, também agora, prisioneiro de Cristo Jesus” (vv.8-9).
Se com um fiel deve-se falar desta maneira, imagina com descrentes!
Hoje em dia, muitos pastores, além de quererem dominar o rebanho de Deus, querem também impor sua autoridade ao mundo. Bem fariam se dessem ouvidos ao velho Pedro: “Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente, não por torpe ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que vos foram confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pe.5:2-3).
Impetuosidade não nos leva a lugar algum. Tanto Paulo, quanto Pedro, chegaram a esta conclusão depois de velhos.
Em vez de simplesmente “mandar”, “ordenar”, Paulo preferiu “solicitar em nome do amor”.
As pessoas só deixarão determinadas práticas, quando tiverem suas consciências iluminadas pelo amor.
Quem pensa, por exemplo, que proibindo o aborto vai coibir o avanço desta prática nefasta, está equivocado. As clínicas clandestinas agradecem qualquer tentativa de impedir que o aborto seja regularizado no País.
A carta de Paulo não tinha a pretensão de condenar a instituição da escravidão. Pelo menos, não diretamente. Seu objetivo era interceder por um escravo em especial, Onésimo.
“Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei em minhas prisões. Outrora ele te foi inútil; mas agora a ti e a mim muito útil. Mando-o de volta a ti, a ele que é o meu coração” (vv.10-12).
Onésimo era escravo de Filemom. Por algum motivo que não é revelado, Onésimo foi preso. Talvez tenha desfalcado seu senhor, ou cometido algum outro crime. Na prisão, conheceu o apóstolo, e acabou se convertendo a Cristo. Após cumprir pena, Onésimo voltaria às ruas. Mas pra onde iria? Um escravo não tinha alternativa, senão a casa de seu amo. Ele trazia marcas em seu corpo que o identificava como escravo, e por isso, estava fadado a ser reconhecido como tal pelo resto de sua vida. Ninguém se atreveria lhe abrir as portas.
Na casa de seu amo, ele teria trabalho, comida e moradia.
Seu dilema agora era saber se seu amo o receberia de volta. Caso não o recebesse, sua única opção seria a mendicância.
Era assim que a sociedade da época era estruturada. Isso não mudaria de uma hora pra outra.
Quando o Brasil, pressionado pela coroa inglesa, promoveu a abolição da escravatura, os escravos alforriados não tiveram pra onde ir, e foi isso que deu origem aos bolsões de miséria, hoje conhecidos como favelas, nas encostas dos morros das grandes cidades.
Imagine como a igreja cristã deveria se portar diante de uma questão social como a poligamia. Em alguns países, a poligamia não apenas é aturada, mas também estimulada. Países onde o número de mulheres é muito maior do que de homens, devido às constantes guerras. Sem a possibilidade da poligamia, muitas mulheres morreriam de fome, pois em algumas dessas sociedades, elas sequer podem trabalhar pela sobrevivência. Não bastaria a igreja se manifestar contrária a este modelo familiar. Se os maridos resolvessem liberar suas várias esposas, pra onde elas iriam? E se os pais não as recebessem de volta?
É claro que tanto a escravidão, quanto a poligamia são práticas condenadas pelas Escrituras. Mas isso não nos dá o direito de simplesmente impor nossos valores de maneira inconseqüente e irresponsável.
Antes de enviar Onésimo de volta ao seu amo, Paulo apela à sensibilidade de Filemom. “Eu bem quisera conservá-lo comigo, para que por ti me servisse nas prisões do evangelho. Mas nada quis fazer sem o teu consentimento, para que o teu benefício não fosse como que por força, mas voluntário” (vv.13-14).
Pelo jeito, nosso amigo Onésimo deu um grande prejuízo a Filemom. Paulo queria que ele fosse recebido de volta, mas com o valor que lhe era conferido pelo Evangelho. Então, o que fez Paulo? O valorizou. Mostrou ao seu antigo senhor o quão útil Onésimo lhe seria, caso o mantivesse consigo.
Se quisermos revelar ao mundo o valor que tem o casamento, não precisamos sair por aí condenando os adúlteros, mas valorizar nossos cônjuges aos olhos de todos.
Feridas não precisam ser ainda mais abertas, mas devidamente tratadas.
“Bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para que o retivesses para sempre, não já como escravo, antes, mais do que escravo, como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, assim na carne como no Senhor” (vv.15-16).
Paulo intentava convencer Filemom que receber Onésimo na condição de irmão representaria lucro em vez de prejuízo.
Precisamos convencer o mundo que o casamento não é uma instituição falida, e que é melhor ter uma esposa do que uma amante. Temos que mostrar ao mundo o prejuízo que é fazer as coisas de maneira inversa àquilo que Deus planejou. As pessoas devem ser convencidas de que vale a pena fazer as coisas do jeito certo.
Um filho é melhor do que um aborto. Um casamento é melhor do que uma aventura amorosa. É melhor a justiça com segurança e paz, do que a corrupção acompanhada de pavor e violência.
Finalmente, Paulo dá o retoque final ao seu argumento em nome do amor:
“Portanto, se me tens por companheiro, recebe-o como a mim mesmo. E, se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, lança-o na minha conta. Eu, Paulo, escrevo de meu próprio punho, eu o pagarei, para não te dizer que ainda a ti mesmo a mim te deves” (vv.17-19).
Todos sonhamos ver este mundo restaurado, com suas instituições devidamente reformadas, livre da injustiça, da corrupção, e de todo mal.
Entretanto, quem se dispõe a pagar o preço por isso?
Ninguém quer ficar no prejuízo.
É muito fácil dizermos a uma menina grávida de seu estuprador para que não aborte. Mas quem se dispõe a ajudá-la a criar seu filho?
Lembro de uma mulher que ligou para um programa de rádio que eu conduzia. Ela chorava muito, e dizia que estava diante de uma janela, pronta a se arremessar. Tentei acalmá-la, e pedi que me contasse o que estava havendo. Ela me explicou que havia crescido em uma igreja evangélica extremamente legalista, mas que se desviara e se tornara numa garota de programa. Pra piorar as coisas, ela se engravidou de uma dos seus clientes, mas tinha a menor idéia de qual deles era a criança. Foi um momento muito difícil para mim, pois nossa conversa estava sendo ouvida por milhares de pessoas, e se ela resolvesse pular da janela, eu me sentira culpado pro resto de minha vida. Deixei que o Espírito Santo pusesse palavras em meus lábios, que a dissuadiram de pular. Instei com ela para que voltasse pra igreja. Ela argumentou comigo, dizendo que todas as vezes que ela pôs os pés em sua antiga igreja, as pessoas lhe olhavam de cima a baixo, julgando-a e condenando-a. Em vez de amor, ela só encontrava juízo. Mesmo sustentando sua família com o dinheiro advindo da prostituição e de filmes pornográficos, sua família a rejeitava.
Depois de muitas lágrimas, ela aceitou orar comigo, reconciliando-se com Deus. Após a oração, ela pediu pra conversar comigo fora do ar. Contou-me que tinha um contrato com uma produtora internacional de filmes pornôs, e que, se ela resolvesse abandonar aquela vida, teria que pagar uma alta soma por quebra de contrato. Procurei mostrar a ela que todo o dinheiro que aquela vida lhe dava não valia a pena, e que, mesmo sofrendo eventuais prejuízos, nada seria melhor do que voltar-se para Cristo.
Será que a igreja está preparada para receber pessoas assim?
Outra vez, recebi um homossexual em meu gabinete. Ele começou a chorar, e a dizer que sentiu confiança em nos ouvir pelo rádio. Segundo ele, todas as igrejas por onde passara, o rejeitaram. Ninguém se dispusera a ajudá-lo.
É muito fácil julgar, condenar, ou mesmo ignorar tais pessoas. Difícil é amá-las e acolhê-las como Jesus teria feito em nosso lugar.
Paulo se dispôs a pagar por qualquer prejuízo que Onésimo houvesse dado a Filemom. E quanto a nós, será que estamos prontos a arcar com os custos e implicações da mensagem do Reino de Deus?
Estaríamos prontos para lidar com os efeitos colaterais de um verdadeiro avivamento, como aquele que varreu o País de Gales, encerrando as portas dos prostíbulos e bares?
Membros sim, órgãos não!
Um Igreja voltada para o Mundo
Uma das metáforas mais usadas nas Escrituras para referir-se à Igreja de Cristo é a do Corpo. Juntos formamos o Corpo Místico de Cristo.
Paulo escreve: “Assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, formam um só corpo, assim é Cristo também” (1 Co.12:12).
Ora, sabemos que o corpo humano não é formado só de membros (externos), mas também de órgãos (internos). Por que Paulo escolheu a figura dos ‘membros’ para exemplificar nossa posição no Corpo?
Ele fala de pés, orelhas, olhos, mãos, e não pulmões, intestinos, estômago. Haveria algum motivo para que ele preferisse os membros externos, em vez dos órgãos internos? Estou convencido que sim. Não foi por acaso que ele escolheu a figura dos membros para referir-se a nós.
É através dos nossos membros que nosso corpo se relaciona com o mundo externo. Nossos órgãos não têm qualquer ingerência no mundo exterior. Se fôssemos órgãos do Corpo de Cristo, então deveríamos estar voltados para nós mesmos. O papel dos órgãos é a manutenção do corpo. Mas o papel dos membros é interagir entre si, e com o mundo à sua volta.
O vocábulo grego “ekklesia” (igreja), significa “tirados pra fora”, ou “voltados pra fora”. A única razão da existência e permanência da igreja aqui é o próprio mundo. Portanto, temos que nos converter a ele. Converter-se ao mundo não é conformar-se aos seus valores, mas voltar-se para suas necessidades, a fim de supri-las através do amor.
Fomos enviados por Cristo ao Mundo. Nos trancafiarmos em nós mesmos nada mais é do que um motim, uma rebelião. Estamos sob as ordens do comandante de nossa nau. E suas ordens são: içar as velas e levantar a âncora. Não importa se os mares estão calmos ou revoltos. Nossa missão é cruzá-los.
Somos as mãos de Cristo para socorrer os miseráveis deste mundo. Somos Seus pés para percorrermos os terrenos íngremes e acidentados em busca das ovelhas perdidas. Somos Seus ouvidos para ouvirmos o lamento dos desesperados e consolá-los. Somos Seus olhos para constatarmos a realidade, e Sua boca para contestarmos. Não temos o direito de ficarmos indiferentes ao sofrimento humano, esteja onde ele estiver.
Definitivamente, não somos Suas entranhas. Por isso, não há lugar para corporativismo entre nós. Não vivemos em função de nossa subsistência. Vivemos em prol do outro, daquele que está do lado de fora.
Os membros estão dispostos em pares, e isso nos remete à orientação de Jesus para que fôssemos enviados ao Mundo “de dois em dois”. Alguém pode alegar que a boca não tem um par, mas convém lembrar que ela é formada de dois lábios, superior e inferior. Assim como o nariz é formado por duas narinas.
Uma mão precisa da outra. Mesmo sendo destro, o corpo precisa da mão canhota. Imagine quão dispendicioso seria digitar este texto com uma só mão! Um pé não caminha sozinho (Estamos falando de Cristo, não de saci-pererê, rs). Um olho só não seria capaz de enxergar o mundo em 3D. Um só ouvido só ouviria em mono, e por isso, deixaria de identificar sons mais sutis, que somente se ouve em estéreo.
E os membros não se relacionam apenas com seus pares, mas também com os demais. Quando cai um cisco no olho, é a mão que vem socorrê-lo. Um olho é capaz de ajudar o outro a enxergar melhor, mas não pode remover um cisco de seu par.
E todos os problemas enfrentados pelos membros se devem à interatividade com o mundo. Da mesma forma, os membros do Corpo de Cristo devem socorrer uns aos outros, quando esses forem vítimas em sua caminhada pelo mundo. Paulo diz que não somos apenas membros de Cristo, mas também “individualmente somos membros uns dos outros” (Rm.12:5).
Por que sou um sonhador?
Recentemente comemorou-se os 40 anos do famoso discurso do Rev. Martin Luther King Jr, em favor dos direitos civis. King é do time de Abel, que mesmo depois de morto, seu testemunho não perdeu a eloqüência. Em homenagem a este grande homem, escrevi um singelo texto, revelando o motivo pelo qual me classifico como um sonhador.
Por que sou um sonhador?
Porque a alternativa é aceitar a realidade tal como é, sem qualquer esperança de mudança.
Prefiro ser um sonhador a ser um cínico, que se entrega cegamente ao fatalismo.
Sonhadores são cúmplices de Deus na realização de Sua obra restauradora.
Sonhadores são seres subversivos, que não se ajustam aos padrões vigentes.
São rebeldes com causa! São seres pertencentes a outro mundo... um mundo ainda a ser criado.
É verdade que os sonhadores são ingênuos. Mas é essa ingenuidade infantil que subverte a ordem. É das crianças o Reino dos céus!
Sonhos são a matéria prima de que é feito o futuro.
Deixar de sonhar é suicidar-se, é morrer estando vivo, é desistir de viver.
E quando os velhos sonham, os jovens têm visões. Adultos sonhadores produzem jovens visionários.
Prefiro o legado dos sonhadores à herança dos perversos.
Judas e o Evangelho Self-service
Para muitos, o beijo de Judas se tornou na marca da traição. Porém, devemos salientar que o beijo identificou o Traído, e não o traidor.
Depois de dar uma demonstração de humildade aos Seus discípulos, lavando-lhes os pés como um servo, Jesus voltou à mesa, e anunciou-lhes que dentre eles havia um traidor.
Todos ficaram pasmados, e perguntavam-no: - Senhor, quem é?
E de um a um, perguntaram: - Por acaso sou eu, Senhor?
Como Jesus identificou o traidor?
Segundo Mateus, Jesus disse: "O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá" (Mt.26:23).
Pode parecer para nós um simples gesto, mas para os discípulos, meter a mão no prato do Mestre representava um atrevimento impensável, que só mesmo alguém dotado de personalidade irreverente seria capaz.
Meter a mão no prato significa servir-se a si mesmo. Tal era o caráter do discípulo traidor, que ele não se dispunha a servir ninguém, a não ser a seu próprio ventre.
Esse gesto aponta profeticamente para o surgimento de um tipo de cristianismo, onde as pessoas são estimuladas a viverem para si mesmas, buscando servir-se, em vez de servir à Deus e aos seus semelhantes. Basta ligar a TV, para nos darmos conta de que o Evangelho mais em voga em nossos dias é o Evangelho Self-service. Sem terem consciência disso, estimuladas pelos falsos mestres, as pessoas estão metendo a mão no prato do Mestre.
É interessante notar que há uma pequena variação no texto de João acerca desse episódio. De acordo com ele, Jesus identifica o traidor como "aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado" (Jo.13:26). Imagino que ao ver Judas metendo a mão no Seu prato, Jesus o interrompe e lhe ´dá um pedaço de pão molhado no vinho de Sua própria taça. Judas não apenas quis se servir, mas sentiu-se à vontade para ser servido pelo próprio Senhor.
Pior do que servir-se a si mesmo, é servir-se do próprio Deus. É como achar que Deus existe em função de nossos caprichos e necessidades.
Ora, mesmo impactados por terem presenciado Seu Mestre servindo-os como um escravo, ninguém em sua sã consciência esperaria ser servido por Ele à Mesa. A lição que eles tiveram era que tinham que servir uns aos outros, e não esperar serem servidos.
Para avaliarmos o tipo de Evangelho que tem sido pregado em nossos dias, basta verificarmos o tipo de pessoas que ele tem produzido.
O genuíno Evangelho produz filhos cujo prazer é servir a Deus, servindo aos seus semelhantes.
O desevangelho, ou anti-evangelho (que é o Evangelho Segundo Judas) produz pessoas arrogantes, cheias de si, " cujo deus é o ventre".
Abaixo as paredes!
Há uma diferença entre muros e paredes.
Os muros servem para nos proteger de ameaças externas. Por isso a Nova Jerusalém, representação da Nova Humanidade, a Civilização do Amor, é apresentada em Apocalipse como uma cidade murada. São seus altos muros que lhes garante que nela não entrará coisa impura. Aliás, seus muros de proteção são a prova de que ela não pertence à realidade porvir. Que ameaça exterior sofreríamos na eternidade, se nossos inimigos já não representarão qualquer perigo?
A Nova Jerusalém é a sociedade definitiva, que se configura no mundo, dentro do processo histórico, e que encontrará sua plenitude na consumação da História. Por isso, ela é cercada de muros. E não poderia ser diferente. Sem eles, estaríamos expostos à infiltração de todo tipo de malignidade.
Ao dividir os ambientes, as paredes promovem visões diferentes da realidade. Cada um só enxerga o seu próprio lado. São interpretações unilaterais que tendem a se impor sobre as outras. Onde há paredes, as opiniões divergem porque são versões da verdade, e não a verdade em si.
“Então Paulo, sabendo que uma parte era de saduceus e outra de fariseu, clamou no Sinédrio:
Irmãos, sou fariseu, filho de fariseu. Por causa da esperança da ressurreição dos mortos estou sendo julgado...”
“Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Fechais o reino dos céus aos homens. Vós mesmos não entrais, nem deixais entrar aos que estão entrando” (Mt.23:13).
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Um Cântico Novo
"Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo" (Salmo 33:3).
Quando as diferenças não fazem a menor diferença
Os discípulos estavam preocupados. Motivo? Alguém estava usando o nome de Jesus para fazer milagres. Ao contar a Jesus o que estava acontecendo, imaginaram que Ele daria um basta naquilo, exigindo que se respeitasse os direitos autorais de Sua mensagem. Mas para a surpresa deles, Jesus disse: "Não lhe proibais. Ninguém há que faça milagre em meu nome, e logo a seguir possa falar mal de mim, pois quem não é contra nós, é por nós" (Mc.9:39-40).
Geração do Milênio
Recentemente, foi lançado nos Estados Unidos o livro Millennial Make-over, escrito por Morley Winograd e Michael Hais. Com base numa teoria de gerações, eles sustentam que, desde 1828, a história americana tem sido atingida por transformações profundas a cada quarenta anos, o equivalente à uma geração.
Acredita-se que a mesma teoria poderia ser aplicada em outros contextos, incluindo o Brasil.
Cada geração é distinguida por um nome específico. Por exemplo: a geração baby-boom. Este termo é utilizado para descrever as pessoas nascidas após a Segunda Guerra Mundial (1946-1964), devido ao grande salto nas taxas de natalidade dessa época. Os baby boomers foram a primeira geração que cresceu em frente à TV. Eles puderam compartilhar eventos culturais e marcos com todas as pessoas no seu grupo de idade, independentemente de onde elas estavam. Esses momentos compartilhados ajudaram a estabelecer um vínculo de geração sem precedentes. Outro elemento cultural que distinguiu os boomers dos seus pais foi o rock and roll. Artistas como Elvis Presley e, posteriormente, Bob Dylan, Beatles e Rolling Stones tomaram conta das ondas sonoras e deram aos boomers a identidade de uma geração.
Outro exemplo é a geração coca-cola, cujo nome inspirou um dos maiores sucessos da Legião Urbana. Era a geração dos seriados enlatados, made in USA. Uma geração que perdeu o idealismo dos que a precederam, tornando-se cínica e desesperançosa. Cazuza foi uma das vozes que cantou a desesperança de sua geração. Em uma de suas canções, ele dizia: "Meus heróis morreram de overdose. Meus inimigos estão no poder." Aqueles que foram os ícones da geração anterior, ou tiveram morte trágica, ou simplesmente se adequaram ao status quo. Por essas e outras, a geração coca-cola não tinha em quem se inspirar para lutar pela transformação do seu mundo. Era uma geração órfã de referenciais.
Agora, entra em cena a chamada "geração do milênio", formada pelos nascidos entre 1982 e 2003. "É uma geração segura, com boa auto-estima, criada por pais atenciosos, que foram os primeiros a colocar no carro o adesivo ‘cuidado: bebê a bordo’. É uma geração que cresceu amiga dos pais", diz Michael Hais. Entre as suas peculiaridades, destacamos: é a mais numerosa da história, a mais miscigenada e a primeira a ter quantidade igual de homens e mulheres formados na universidade.
Mas sem dúvida, de todas as marcas da atual geração, a mais decisiva é a tecnologia. A geração do milênio é a primeira a crescer no mundo da internet – e isso está na base da mudança que está emergindo. Primeiro, porque a atual geração, graças à internet, é a que mais tem contato com os amigos, a que mais compartilha informação (pelo Orkut, por exemplo) e, por causa disso, desenvolveu um sentimento coletivo sem precedentes na História recente da civilização. Segundo, porque a internet está mudando as relações de poder na sociedade ao descentralizar a informação.
Terceiro, porque toda guinada na história recente só acontece quando se dá a combinação de uma geração dinâmica com uma novidade na tecnologia da comunicação.
Em 1860, foi a maravilha do telégrafo que ajudou a divulgar as idéias abolicionistas. Em 1896, o telégrafo se juntou à novidade do telefone, e os republicanos derrotaram a aristocracia agrária, inaugurando a era industrial e urbana. Em 1932, o rádio, que chegou a ser conhecido como "telégrafo sem fio", parecia feito sob encomenda para a voz de veludo do democrata Franklin Roosevelt, que faria história com seu New Deal, tirando os Estados Unidos de sua maior crise econômica. Em 1968, quase 57 milhões de lares americanos já tinham uma TV, o que ajudou a criar a identidade da geração baby-boom. Pelo que tudo indica, é a internet a grande novidade tecnológica que vai impulsionar as mudanças aspiradas pela geração emergente.
A eleição de Barack Obama, cuja campanha foi feita tendo como carro-chefe a internet, comprova a guinada profetizada pelos autores de Millennial Make-over. Foi o comparecimento em massa da geração do Milênio às urnas, que garantiu a eleição do primeiro presidente negro da história americana.
Espero, sinceramente, que os líderes cristãos estejam atentos a essas mudanças, e mudem seus paradigmas. A geração do Milênio é um grande desafio pra todos nós, pais, educadores, políticos e líderes. Perder o trem da história poderá custar muito caro pra todos nós.
Conviver ou Coexistir?
Coexistência é a palavra da moda, cada vez mais em voga, desde que o vocalista Bono Vox, a usou em sua bandana em um show do U2.
Cristãos, muçulmanos, hindús, espíritas, ateus, devem aprender a existir lado-a-lado, respeitando-se mutuamente.
Não se trata de Ecumenismo ou Sincretismo, ou ainda a fusão de religiões diferentes.
Como cristãos, devemos aprender a respeitar àqueles que pensam diferente de nós. Ninguém é obrigado a abraçar nossa fé. Lembremo-nos que não é por força, nem por violência, mas por obra e convencimento do Espírito.
Diferenças doutrinárias, culturais, sociais, raciais, não devem nos impedir de coexistir respeitosa e pacificamente.
Jamais converteremos alguém à base de discussões calorosas.
Desejar o desaparecimento de alguém, simplesmente por não concordar com seu modo de vida, ou com sua doutrina, é o mesmo que alimentar um sentimento homicida.
O que Deus espera de nós, não é apenas que aceitemos a existência do outro, mas que o convidemos a participar de nossa vida. Coexistir já é um enorme passo. Mas o projeto de Deus para nós vai muito além que a simples coexistência. Ele nos chama à convivência.
Devemos buscar ir além da mera coexistência. Temos que buscar a CONVIVÊNCIA.
A diferença entre conviver e coexistir, é que convivência implica viver juntos, ter vida em comum, enquanto que coexistência implica viver lado-a-lado, cada qual respeitando o espaço do outro.
Convivência só é possível onde haja comunhão. Mas para que haja comunhão, temos que estar em concordância acerca da Verdade. À medida que partilhamos o Evangelho, nosso círculo de convivência vai aumentando.
Talvez a coexistência seja o primeiro passo rumo à convivência. Mas não podemos parar por aí.
Devemos buscar conviver, não apenas coexistir; conviver carinhosamente, em amor, e não apenas em tolerância mútua.
Pra coexistir, temos que aprender a tolerar os outros. Pra conviver, temos que aprender a perdoar.
Pra coexistir, basta respeitar e aceitar a existência do diferente. Pra conviver, tem que amar, e convidar o diferente para que faça parte de nossa vida.
Podemos coexistir, sem nos importar com o outro. Simplesmente ignorar. Fingir que ele não existe, e assim, deixá-lo em paz. Mas para conviver, temos que abrir a porta de nossa casa. Temos que acolhê-lo e amá-lo.
Senhor do Mundo Quântico
Ao Senhor do Mundo Quântico,
Meu louvor, meu cântico
Ao Deus das Probabilidades,
De todas as realidades
Desde a mais ínfima partícula
Às galáxias e quasares
Da floresta à vinícola
Das eiras aos lagares
Ele é o Alfa e o Ômega
Seja aqui ou em Andrômeda
O Universo inteiro exulta
Ao som de Sua sinfonia
Cada verso revela e oculta
O Seu amor e primazia
De Júpiter, as listras
Os anéis de Saturno
Em todo canto vemos pistas
Basta olhar o céu noturno
E até mesmo em Marte
Podemos ver Sua arte
Do asteróide aos cometas
Da lua cheia aos planetas
Bem-aventurado é quem O enxerga
Por trás de todo véu
E deseja ver Sua vontade
Assim na terra, como no céu.
Feliz Mundo Novo!
A palavra "cosmos", traduzida em nossas bíblias como "mundo", significa originalmente "ordem", sendo o antônimo de "caos", ou "desordem".
As Escrituras afirmam que a presente ordem jaz no Maligno. Na Cruz, o Velho Mundo recebeu o golpe fatal. O último suspiro de Cristo foi o último suspiro da velha ordem iniciada em Adão. Por isso Paulo podia declarar convictamente que o mundo fora crucificado. Ele agora é um cadáver em decomposição. Já morreu, mas ainda mantém a aparência de que vive. Mas a aparência deste mundo passa. Não há pulsação, nem reflexo, apenas aparência.
A Cruz não foi apenas um lugar de morte. Foi também um lugar de Concepção. De acordo com Paulo, céu e terra convergiram em Cristo, e na Cruz contraíram núpcias. E o fruto desta união é a concepção de um novo mundo, isto é, de uma nova ordem, contrapondo-se à velha ordem danificada pelo pecado, e ao caos original.
O Novo Mundo é uma criança recém-concebida, ainda em estado embrionário, mas prestes a nascer. Já fora concebido, mas ainda não nasceu. Está sendo gerado no útero da nova humanidade, a quem as Escrituras chama de ekklesia (igreja).
A Igreja ( com "I" maiúsculo) é o útero, enquanto que a "igreja instituição" é a placenta. A hora do parto se avizinha. E quanto mais próxima, mais fortes são as contrações, as tais dores de parto a que se referem Jesus e Paulo. Terremotos, tsunamis, furacões, e outros catlamismos são contrações de uma criação em estado avançado de gravidez. Aumenta-se a intensidade das contrações, e diminui-se o intervalo entre elas. Em breve a bolsa vai se romper, o líquido amniótico será derramado, e um novo cosmos emergirá.
Então, em vez de dizermos "Adeus ano velho, feliz ano novo", diremos: "Adeus mundo velho, e feliz mundo novo!".
A Plenitude dos Tempos
“Havendo Deus outrora falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes ÚLTIMOS DIAS pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez o mundo.” Hebreus 1:1-2.
Todo dia tem o seu fim. Assim como foram os primeiros seis dias da criação, o sétimo dia teria que chegar ao fim. Mas para isso, teria que ser completado. Deus não poderia adiantar os ponteiros de Seu relógio profético. O que Ele mesmo determinara teria que se suceder, mas na hora certa.
É à meia-noite que o dia termina para dar lugar a outro. É na décima segunda badalada do relógio que o dia encontra sua plenitude. Os sessenta segundos finais que antecedem a meia-noite são o minuto final. Não há como mudar isso.
É também à meia-noite que as trevas alcançam o seu apogeu.
Do crepúsculo até a meia-noite, a escuridão vai se tornando cada vez mais espessa. Mas a partir da meia-noite, a tendência se reverte, e gradativamente começa a clarear.
Jesus veio ao mundo quando as trevas atingiam o seu ápice. Nas palavras de Zacarias, pai de João Batista, era por causa da entranhável misericórdia de Deus que “o sol nascente das alturas” visitara o mundo, “para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte” (Lc.1:78-79). Isaías também profetizou acerca disso:
“As trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor vem surgindo, e a sua glória se vê sobre ti.” Isaías 60:2.
Em outra passagem, o mesmo profeta afirma que “o povo que andava em trevas, viu uma grande luz; sobre os que habitavam na região da sombra da morte resplandeceu a luz” (9:2).
Paulo relata aos Gálatas que “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (4:4).
A plenitude dos tempos começa com o nascimento de Jesus Cristo, alcança seu ápice com a Cruz e a Ressurreição, e termina com a Queda de Jerusalém, abarcando um espaço de aproximadamente 70 anos.
Aqueles eram os minutos finais daquele aión.
A primeira mensagem pregada por Jesus, registrada por Marcos, foi: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15). Dizer que o tempo estava cumprido era o mesmo que dizer que aquele aión havia alcançado a sua plenitude.
Jesus veio cumprir a 70a. Semana profetizada por Daniel. Na cruz, Ele não só trouxe a Justiça Eterna, como também expiou a iniquidade, e fez cessar os sacrifícios levíticos! - Está consumado! Bradou Jesus do alto do Gólgota. Terminava ali o sétimo dia, em cujo crepúsculo a comunhão entre Deus e o homem havia se rompido. Começava , então, um novo Sabath, um novo descanso para o povo de Deus.
O novo Sabath já não seria o sétimo dia, mas o primeiro Dia, agora conhecido como o Dia do Senhor. É neste Dia que estamos desde a Cruz. Por isso, o Autor Sagrado não hesita em afirmar que “nós, os que temos crido, entramos no descanso (sabath)” (Hb.4:3a). Nesta passagem, o santo escritor diz que, por causa da desobediência do homem, Deus “determina outra vez certo dia” , que é “Hoje”. E ele conclui dizendo que “se Josué lhes houvesse dado Sabath, não teria falado depois disso de OUTRO DIA. Portanto, resta ainda um Sabath para o povo de Deus” (Hb.4:7a,8-9). Esse novo Sabath é Hoje! E que Hoje é este? Aquele inaugurado na Cruz. Aquele mesmo no qual Jesus garantiu ao ladrão arrependido que ele estaria no paraíso.
Estamos vivendo o Dia do Senhor! Entramos em Seu Descanso, em Seu Sabath. Paulo diz que o mandamento acerca da guarda do sábado era apenas uma sombra do verdadeiro Sabath que estava por vir. Cristo é o nosso Sabath (Col.2:16-17).
Foi Jesus quem nos franqueou o acesso a esse Sabath. É d’Ele o convite: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso (Sabath) para as vossas almas” (Mt.11:29-30). Em Cristo, chegamos ao Novo Dia, ao Sabath Eterno.
A Era das Trevas chegou ao fim. A Cruz inaugurou o novo tempo. Ainda que não seja perceptível aos homens carnais, o Dia já começou a clarear.
Mas não vivemos por vista. Vivemos por fé. Não importa o que nossos sentidos nos digam. A verdade é que as trevas estão passando, e já brilha a verdadeira luz (1 Jo.2:8).
Amar é...
...sempre ser vulnerável. Ame qualquer coisa e certamente seu coração vai doer e talvez se partir. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto , você não deve entregá-lo á ninguém , nem mesmo a um animal. Envolva o cuidadosamente em seus hobbies e pequenos luxos, evite qualquer envolvimento, guarde o na segurança do esquife de seu egoísmo. Mas nesse esquife – seguro , sem movimento , sem ar - ele vai mudar. Ele não vai se partir – vai tornar se indestrutível, impenetrável , irredimível. A alternativa a uma tragédia ou pelo menos ao risco de uma tragédia é a condenação. O único lugar além do céu onde se pode estar perfeitamente a salvo de todos os riscos e pertubações do amor é o inferno.
C.S Lewis, autor de "Crônicas de Nárnia", em "Os quatro amores" [via "Tomei a pílula vermelha]